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domingo, 14 de agosto de 2011

Montando uma Biblioteca para a EBD


Paz em Cristo Amados! 

Segue mais um estudo sobre a Escola Dominical e como montar ou equipá-la com uma biblioteca. O mesmo estudo também sai na coluna da EBD no Jornal Nosso Setor (jornalnossosetor.blogspot.com) disponível para todas a Assembleias de Deus, ministério Belém, da capital de São Paulo. Espero que apreciem!

O termo biblioteca apareceu na Grécia com o significado de “Cofre do Livro” e, naturalmente, indicando o lugar onde os livros eram conservados. Outro conceito que a palavra nos traz, está ligado ao “serviço” prestado, ou seja, a biblioteca é um lugar de busca de informação e pesquisa. A biblioteca sempre teve um valor significativo, pois quando havia guerra e um país era invadido por outro, um dos locais destruídos era justamente a biblioteca – o depositário de conhecimento e memória de um povo.

Sabendo o valor que o conhecimento tem para um povo, toda Escola Dominical deveria ter uma biblioteca que, além de despertar o prazer pela leitura, pode influenciar o pensamento e cultura dos alunos da EBD. Quando falamos em montar uma biblioteca, muitos já acham difícil, pois é necessário catalogar os livros, fazer um controle de empréstimo, achar um local apropriado e, cabe ao responsável, renovar as prateleiras e estar atento ao que o público precisa ler e saber.

Quem sabe você, pastor, superintendente ou professor, já pensou em montar uma biblioteca para a EBD e só viu dificuldades, mas espero que este breve artigo tenha vindo em boa hora. Quem sabe o projeto saia do papel? Uma biblioteca básica é possível ser montada. Dará trabalho no início, mas com certeza os frutos serão colhidos.

PRIMEIRO PASSO: CONHEÇA O SEU PÚBLICO

Não podemos lançar nada, sem conhecermos quem frequentará ou, neste caso, lerá os livros. Apesar de termos um público diversificado, devemos atentar para o nível de cultura geral deste público. Conhecendo o que esta comunidade poderia começar a ler e depois aumentando o nível de leitura, é o ideal para não causar um choque tornando a biblioteca acessível a todos.

SEGUNDO PASSO: LEVANTAMENTO DOS LIVROS FUNDAMENTAIS

Uma biblioteca cristã básica, lembrando que o primeiro passo deve ser o norte para o sucesso da freqüência à biblioteca, podemos enumerar alguns itens fundamentais: BÍBLIAS COM DIFERENTES VERSÕES, DICIONÁRIOS BÍBLICOS, DICIONÁRIOS DA LÍNGUA PORTUGUESA, LIVROS INFANTIS, CONCORDÂNCIAS, ATLAS ATUALIZADOS, LIVROS DA HISTÓRIA DA IGREJA, LIVROS COM TEMAS VOLTADOS AOS ADOLESCENTES E SEUS DESAFIOS, COMENTÁRIOS BÍBLICOS, LIVROS TEÓRICOS FOCANDO DIDÁTICA E ENSINO EM SALA DE AULA, ENCICLOPÉDIAS E DEVOCIONAIS. A biblioteca pode ser montada aos poucos e os irmãos podem fazer doações de livros, porém cabe a responsável analisar o livro e sua utilidade para o público.

TERCEIRO PASSO: CATALOGAÇÃO

Nem sempre temos um amigo bibliotecário, porém é possível fazermos a marcação de cada livro, para que nenhum se perca. Basicamente, tratando de EBD, a catalogação pode incluir uma sigla mista com iniciais da igreja e da escola dominical. Uma boa dica, também, é usar um carimbo que possa marcar, tanto as folhas externas com o nome da igreja, quanto as internas. Na parte final do livro é importante inserir uma ficha que tenha o carimbo com a data de entrega. Geralmente, o prazo é para 1 ou 2 semanas, mas tudo gira em torno do seu público para que isto seja estabelecido.

QUARTO PASSO: CONHEÇA OS LIVROS E AUTORES

É desejável que o responsável pela biblioteca ame a cultura livresca. Não que seja necessário ler tudo, mas precisa ter um conhecimento bom para que possa, inclusive, orientar as leituras dos alunos e professores.  Conhecer o pensamento dos autores e como eles desenvolvem o raciocínio dentro da trama de cada livro, é fundamental para que o leitor saiba lidar com a proposta apresentada.

QUINTO PASSO: MODERNIZAÇÃO

Com o advento da Internet e multimídia, a biblioteca precisa ter, dependendo do público e sua aceitação, livros com caráter tecnológico. Hoje temos os áudio books (livros em formato de CD ou pen-drive), e-books (livros virtuais). Senão de imediato, mas quando possível, um computador ou laptop precisa fazer parte deste ambiente, pois irá facilitar a parte burocrática e de controle e, somado a isto, proporcionará aos alunos e professores uma interação melhor com o “virtual”.

SEXTO PASSO: MARKETING E ESTRATÉGIA

Uma biblioteca precisa ser frequentada. A propaganda e incentivo ainda são a “alma do negócio”. Se possível, a biblioteca precisa estar em local de fácil acesso e fácil vizualização por parte da igreja. No mural da igreja, além incentivar a leitura, pode-se colocar dicas semanais de leitura. Um espaço para que opiniões sejam dadas, é uma dica excelente. Se o pastor puder ser o grande “garoto propaganda” deste espaço, melhor ainda. As ovelhas ouvirão o chamado!

Realmente é bastante trabalho, mas temos que ter em mente que vidas podem ser edificadas e podem cooperar melhor na casa de Deus, quando possuem um conhecimento bíblico fomentado pela Escola Dominical e podem, ainda, ampliar este conhecimento fora de sala de aula. Converse com seu pastor. Invista no conhecimento da igreja, pois a própria igreja (pessoas) irá retribuir.

Por Natanael Lima
nat28@uol.com.br

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Amados,

Com imenso prazer quero partilhar o estudo de um grande amigo, Vinicius, da igreja de Lauzane Paulista, no setor 18 - Vila Espanhola. Além de teólogo, nosso irmão estará em breve se formando em Psicologia no Mackenzie. Apreciem o estudo!


Definição do termo

A hermenêutica bíblica é definida como a “arte de interpretar textos bíblicos”. O termo hermenêutica é de origem grega, possivelmente se deriva do nome de Hermes, deus da mitologia grega, que tinha como uma das finalidades transmitir conhecimentos aos homens. Para os romanos, Hermes era Mercúrio, o deus da eloqüência.


Objetivo da hermenêutica bíblica

A hermenêutica bíblica tem como principal objetivo funcionar como uma ferramenta, através da qual podemos ler as Escrituras, resgatando a intenção autoral (Pedro diz em sua segunda epístola Capítulo 1:20, que nenhum texto da Bíblia é de particular interpretação)  e conhecendo as diferentes figuras de linguagens usadas na Bíblia Sagrada. Através de uma interpretação bíblica correta, podemos ler, interpretar e aplicar os textos de forma coesa.


Princípios a serem observados na interpretação bíblica


·        Conhecer o tipo de literatura a qual se lê. Na Bíblia há diferentes estilos literários, que cada um tem as suas peculiaridades que devem ser levadas em consideração. São elas: Literatura histórica (Gênesis a Ester, incluindo também os livros proféticos), poética (Jó a Cantares), biográfica (Mateus a João), epistolar ou cartas (Romanos a Judas) e apocalíptica (Apocalipse).

·        Conhecer o autor do livro, quando e porque este foi escrito. Por exemplo, Paulo autor de treze epístolas em o Novo Testamento escreveu, a 2ª carta aos Corintios, visando combater os falsos mestres que haviam se infiltrado naquela igreja e pregavam visando o lucro (2º Corintios 2:17). Escreveu a epístola aos Gálatas, com a intenção de defender o seu apostolado (Gálatas 1:1), e rebater as heresias pregadas pelos judeus, heresias estas que ele chama de outro evangelho (Gálatas 1:8).

·        Para se entender um versículo deve ser ler todo o capítulo. O ato de isolar um versículo e desprezar o seu contexto, nos levará a erros de interpretação, citarei alguns exemplos:

Usa-se com freqüência o texto de Jó 41:22, para se dizer que diante da presença de Deus, até a tristeza salta de alegria, mas de acordo com contexto o texto de se refere ao Leviatã, e não a Deus.

Usualmente faz-se uso do texto de Isaias 41:6, como base para se dizer que devemos nos ajudar mutuamente, mas conforme os versículos 6,7 do texto em apreço, são dois idolatras que estão construindo uma imagem de escultura e dando palavras de incentivo um ao outro.       

O Salmo 101:6, comumente é usado para se dizer que Deus procurará os fiéis da terra par o servirem, mas de acordo com o contexto, desde o verso um, vemos que é Davi quem está falando em primeira pessoa, e não Deus. Logo entendemos que é Davi quem disse que procuraria os fiéis da terra e não Deus.

·        Nunca ir além do que está escrito e citar versículos que a Bíblia não diz. (1º Corintios 4:6); (Provérbios 30:5,6); (Apocalipse 22: 18,19).

Exemplos: (João 16:33), comumente acrescenta-se a esse versículo a seguinte expressão, “vós também vencereis”.
 Uma das frases mais usadas no meio evangélico é a seguinte “a palavra de Deus se renova a cada manhã”. Este pseudo-versiculo não está na Bíblia, e além do mais a palavra de Deus não se renova, ela é nova e atual a cada dia, em Lamentações 3:22 e 23, Jeremias usa uma expressão semelhante a essa, mas referindo-se as misericórdias do Senhor e não a sua palavra

Os sentidos nos quais a Bíblia foi escrita

Na Bíblia encontramos três diferentes linguagens, são elas literal, alegórica e tipológica. O conhecimento destas é de suma importância no processo de interpretação bíblica.

·        Literal: Por sentido literal, podemos entender como o significado, puro, simples e objetivo do texto, é o significado primário das Escrituras. 

·        Alegórico: O método alegórico diz respeito á leitura de um texto e a interpretação deste a partir da sua linguagem figurativa. Por exemplo, os sonhos de José e Faraó, as parábolas de Jesus, devem ser interpretadas no sentido alegórico.         

·        Tipológico: A palavra tipos significa modelo, este sentido das Escrituras visa fazer com que elementos do Antigo Testamento apontem para o Novo Testamento. Por exemplo: Adão é um tipo (modelo) de Cristo, pois este é citado e comparado a Cristo em o Novo Testamento (Romanos 5), a trajetória de Israel no deserto é um tipo da trajetória da igreja na terra (1º Corintios 10), a destruição de Sodoma e Gomorra é uma tipologia do sofrimento futuro dos ímpios (2ª Pedro 2).


    Conclusão

A interpretação bíblica requer alguns cuidados como os supracitados, que se forem observados, trarão coerência ao estudante das Escrituras e edificação para o corpo de Cristo.

Vinicius Carlos da Silva
viniciuscarlos@uol.com.br

Por Natanael Lima