Páginas

sexta-feira, 9 de março de 2012

O desafio da EBD ante à pós-modernidade





Além dos desafios inerentes à Escola Dominical, os professores da EBD precisam, sempre, atentar para as mudanças de pensamento na esfera secular. São mudanças que afetam a maneira pensar e atingem o modo como as pessoas se comportam e, além disso, enxergam a Deus. Há três momentos na história que gostaria de destacar – idade média, idade moderna e idade pós-moderna. Neste três momentos, temos uma mudança de como Deus é visto pela sociedade, o que acaba atingindo o professor da EBD, sua reflexão e sua didática em sala de aula.

Na idade Média, chamada por alguns, de idade das trevas, a Igreja Católica dominava o cenário religioso, pois era detentora do poder espiritual e influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento. A igreja também tinha grande poder econômico e possuía terras em grande quantidade e, até mesmo, servos. Neste cenário, Deus ocupa o centro. Na idade moderna, temos um cisma com o pensamento eclesiástico e dogmático, que dá espaço ao pensamento científico e filosófico. A modernidade traz a ‘luz’ para as mentes tenebrosas e ‘retrógradas’. Em 1789 a Revolução Francesa contribui para o renascimento em todos os sentidos. A ciência e cultura ganham força e a liberdade de pensamento é propagada. O colonialismo e expansão marítima atingem grandes patamares. Neste cenário de grande ‘luz’, Deus não é mais o centro, mas o homem ocupa esta posição. Na era pós-moderna, a que vivemos, é considerada, por muitos pensadores, a época das incertezas, das fragmentações, da troca de valores, do vazio, do imediatismo e da substituição da ética pela estética. Neste cenário, não há Deus ou homem no centro, mas a subjetividade do homem. Há possíveis ‘verdades’ e todas podem ser verdadeiras, depende do ponto de vista de cada pessoa.

Por que é relevante o professor da EBD, além de conhecer a Bíblia, saber disso? Porque nos ajudará a entender como pensa esta geração e o desenho do chamado que temos (At. 13:36). Nossos alunos estão cada vez mais imersos no mar digital chamado Internet, onde há pouca filtragem das informações e muito menos conhecimento sólido sobre Deus e o projeto salvífico para a humanidade. O subjetivismo esbarra, justamente, na revelação pessoal que cada um tem de um deus. Mas a Bíblia diz que Deus não se revela a qualquer pessoa (Mt. 11:25). O pensamento pós-moderno desafia a sobrevivência da fé em Cristo (Lc. 18:8) e nos convida, cada vez mais, a viver o que pregamos e demonstrar, através de nosso comportamento e testemunho, a verdade que dizemos possuir. Portanto, ao longo da história, passamos por cenários, onde a verdade era imposta, depois se tornou questionável e, por último, não há uma verdade, mas ‘verdades’. Dentro deste último pensamento, uma verdade só pode ser destacada, se for vivenciada, podendo, inclusive, persuadir outros a pensarem sobre a tal (At. 26:24-29; Jo. 7:46).

Nosso papel como cristãos e professores é importante. A EBD se faz com a verdade de Cristo inserida em nós (Gl. 2:20). Uma vez vivida, será notada e seguida, podendo resultar em salvação (1Co. 9:22). O nosso esmero no ensino da Palavra e vida espiritual, diante de Deus e da igreja, podem romper com os pensamentos que circundam e tentam trazer contradição ao corpo de Cristo. Mas aquele que nos chamou pode, em sua infinita sabedoria e poder, suplantar todo e qualquer pensamento contrário à obra da cruz (2Co. 10:4,5). Façamos a nossa parte! Precisamos conhecer a nossa época, pois Deus nos dotou de uma mensagem para esta geração.

O presente artigo também está publicado no Jornal Nosso Setor (http://jornalnossosetor.blogspot.com)


Por Natanael Lima









2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Natanael.
Há três anos leciono na classe de jovens da A. D. (Belém) em Cidade Tiradentes Z/L e é possível perceber o quanto os jovens progrediram no que diz respeito ao conhecimento secular. As perguntas e comentários dos jovens não se restringem às singelas e limitadas lições da CPAD, muito pelo contrário, ali conversamos sobre política, história, filosofia, teísmo aberto, ateísmo, família, neopentecostalismo, sociologia, futebol, mídia, escola etc. E nós, os professores da classe, somos induzidos a estudar cada vez mais para que de alguma forma contribuamos no crescimento espiritual e intelectual dos irmãos/alunos. Em nossa classe buscamos o construtivismo, nada de educação bancária - onde só um fala. Todos contribuem com perguntas, questionamentos, notícias e testemunhos. Em minha opinião, muitas Escolas Dominicais, principalmente em nossa AD, precisam de uma reformulação pedagógica. Outra questão que devemos levar em conta no que diz respeito aos professores é que muitos deles não estão preparados para lecionar em nossos dias. E, apesar da boa-vontade costumeira, alguns se restringem apenas ao conhecimento bíblico. Um exemplo? Quantos professores viram seu texto no facebook e no jornal? Quantos leram? No que diz respeito ao pós-modernismo, sigo a linha de pensamento do sociólogo francês Gilles Lipovetsky. Segundo ele, ainda não adentramos a pós-modernidade, ao invés disso, estamos vivendo uma modernidade saturada que gira em torno de si. Opiniões a parte concernente a pós-modernidade, parabéns pelo ótimo texto! Graça e Paz!

Gilvan Albuquerque

Natanael Lima disse...

Gilvan, paz em Cristo!
Desculpe a demora em respondê-lo. Sempre é um prazer ter seu comentário por aqui e sua opinião sempre traz contribuições a mim. Não conhecia este sociólogo, vou pesquisar. Eu já havia ouvido um comentário sobre esta questão "modernidade saturada"...inclusiveoutrotermo usado é modernidade mórbida"...
Isto que vcfalou é real sobre os alunos e como os educadores precisam se preparar...a tendência é termos isto mais frequentemente e a pergunta é: estamos preparados? Aquela frase: "vai orar meu filho" nem sempre prova ser a resposta para um jovem...
Mas caminhemos, seria um prazer conhecê-lo um dia desses...quem sabe? Eu estou aqui na zona norte, proximo a Santana.
Abs forte!
Nata.