"Ter parceiro único pode se tornar coisa do passado" diz psicanalista.
Em uma postagem datada do dia 25 de outubro, falei sobre a nova lei do divórcio e como a igreja terá de enfrentar essa nova realidade brasileira.
A presente postagem está relacionada à citada acima, pois trata do casamento(instituição) que, segundo a psicalista entrevistada, está deteriorado e gera mais desconforto e decepção do que satisfação e prazer. O apoio às suas ideias é mínimo entre os profissionais da mesma área. Sua fala não abrange outros campos do saber, ou não coloca à prova o casamento visto por outras áreas do conhecimento. Vale lembrar, que seu trabalho é baseado em estatísticas e pode, portanto, ser passível de dúvida e incerteza, já que muitos responderam suas perguntas pela Internet. Como confiar em tudo que está na grande rede? Como conferir empirismo ao que circula na rede?
Não duvido que vivemos no meio de uma geração corrupta e hedonista. Como cristãos, não estamos isentos de pecar ou fracassar, mas temos que lutar contra desejos obscuros e carnais que podem levar à destruição dos relacionamentos, à relativização da fidelidade e à consequente degeneração da sociedade moderna.
Diante disso, quero partilhar abaixo o que a senhora psicanalista Regina Navarro Lins tem a dizer sobre o casamento nos dias de hoje.
Lembrando! A igreja não está imune a isso! Que Deus nos ajude a preservar e cultivar os laços matrimoniais, assim como Cristo tem feito com sua Noiva(igreja).
Regina Navarro Lins é psicanalista, escritora e autora de dez livros. Especializada em sexualidade - e com ideias que geram controvérsia até entre seus colegas de profissão - ela concedeu uma entrevista exclusiva ao UOL Estilo Comportamento sobre os seus dois novos livros: “A Cama na Rede – O que os brasileiros pensam sobre amor e sexo” e “Se eu fosse você...- Uma reflexão sobre as experiências amorosas” (Editora Best Seller).Ambos são baseados na pesquisa que ela fez durante nove anos no seu site, que esteve no ar de 2000 a 2009. O lançamento dos livros acontece nesta quinta (25), às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, onde a autora participa de um debate sobre relacionamento amoroso e sessão de autógrafos.
Veja parte da entrevista abaixo. A entrevista foi concedida à Gisela Rao do UOL Estilo e Comportamento
UOL Estilo Comportamento - Os livros que estão sendo lançados reúnem material de seu site, um pioneiro no gênero. Como os internautas do início da década reagiam às questões íntimas colocadas na rede? Era diferente de hoje? A abertura foi imediata?
Regina Navarro Lins - Estamos no meio de um processo de profunda mudança das mentalidades que se iniciou nas décadas de 1960/197070, com o advento da pílula anticoncepcional e todos os movimentos de contracultura do período. As mudanças são graduais. Em 2000, quando o site entrou no ar, as pessoas já eram bem mais livres do que nas décadas anteriores. Embora alguns placares sejam surpreendentes: por exemplo, o da pergunta “Você gostaria de fazer sexo a três?”, que eu imaginei que muitas pessoas responderiam sim, mas nunca pensei que o percentual chegasse a 77%. O anonimato facilita dizer o que se deseja e não se tem coragem de revelar aos outros. Nos últimos anos, mais casais passaram a frequentar casas de swing, onde fazem sexo com mais de uma pessoa.
UEC - Essa nova realidade – das novas tecnologias de comunicação - está mudando os relacionamentos?
RNL - Acredito que sim. Os relacionamentos virtuais estão contribuindo para a tendência de se amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Quando alguém está num chat conversando, ou fazendo sexo, pode trocar de parceiro com muita facilidade. São apenas dois cliques no teclado. É claro que não é só isso; existem outros fatores.
UEC - Quais são eles?
RNL - O amor romântico, pelo qual a maioria de homens e mulheres do Ocidente tanto anseiam se caracteriza pela idealização do outro e traz a ideia de que você tem de encontrar alguém que te complete, sua alma gêmea. Esse tipo de amor prega a fusão total entre os amantes e a ideia de que os dois se transformarão num só. Agora, a busca da individualidade caracteriza a época em que vivemos; nunca homens e mulheres se aventuraram com tanta coragem em busca de novas descobertas, só que, desta vez, para dentro de si mesmos. Cada um quer saber quais são suas possibilidades, desenvolver seu potencial. O amor romântico propõe o oposto disso, na medida em que prega a fusão de duas pessoas. Ele então começa a deixar de ser sedutor. Um amor baseado na amizade e no companheirismo está surgindo. Haverá menos idealização e você vai poder perceber melhor o outro. O amor romântico está saindo de cena e levando com ele a sua principal característica: a exigência de exclusividade. Sem a ideia de encontrar alguém que te complete, abre-se um espaço para outros tipos de relacionamento, com a possibilidade de se amar mais de uma pessoa de cada vez, ou seja, o poliamor.
UCE - Você encontra, na sua área, profissionais que pensam como você?
RNL - Não. Existiram dois, que infelizmente já faleceram, Roberto Freire e José Ângelo Gaiarsa. Os profissionais que tratam das relações amorosas me impressionam. Pesquisando o que pensam sobre as motivações que levam a uma relação extraconjugal na nossa cultura, fiquei bastante surpresa. As mais diversas justificativas apontam sempre para problemas emocionais, insatisfação ou infelicidade na vida a dois. Não li em lugar algum o que me parece mais óbvio: embora haja insatisfação na maioria dos casamentos, as relações extraconjugais ocorrem, principalmente, porque as pessoas gostam de variar. O casamento pode ser plenamente satisfatório, do ponto de vista afetivo e sexual, e mesmo assim as pessoas terem relações extraconjugais. Penso que está mais do que na hora de se refletir sobre a questão da exclusividade. Essa é a maior preocupação das pessoas, mas ninguém deveria ser cobrado por isso. Em vez de nos preocuparmos se nosso parceiro (a) transou com outra pessoa, deveríamos apenas responder a duas perguntas: “Me sinto amado (a)? Me sinto desejado (a)? Se a resposta for positiva, ótimo. O que o outro faz quando não está comigo não é da minha conta, não me diz respeito. Não tenho dúvida que assim as pessoas viveriam muito melhor.
UEC - E por que o tesão acaba no casamento?
RNL - Existem os motivos sempre alegados: excessiva intimidade, excessiva familiaridade. Mas acredito que o principal motivo é pouco falado: a exigência de exclusividade. No casamento, é comum as pessoas se tornarem emocionalmente dependentes um do outro. Para se sentirem seguras, elas exigem exclusividade, controlam a vida do (a) parceiro (a). A questão é que a certeza de posse e exclusividade leva ao desinteresse, por eliminar a sedução e a conquista.
Deus lhe abençoe!
Por Natanael Lima
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