Necessidade de mudar sem perder a essência
Não é raro encontramos com líderes que se sentem desmotivados e com uma pergunta de difícil resposta – “O que será desta geração?” Muitos que estão liderando ou ensinando na Escola Dominical se deparam com esta e outras perguntas sobre como alcançar uma geração que está cercada de novidades tanto tecnológicas, quanto de aspecto intelectual, cultural, social e afetivo. Estamos inseridos em uma época que cobra mudanças rápidas e exige adaptações ainda mais rápidas. Como a EBD, juntamente como seu corpo docente, pode interpretar estes novos desafios e fomentar uma visão realista, porém bíblica do que estamos vivendo dentro e fora da igreja?
Quero basear o presente artigo no quinto filho de Jacó com Lia – Issacar. Temos muito o que aprender com o legado deixado por este personagem e tribo de Israel. Quando Jacó chama Issacar, assim como os demais filhos, para serem abençoados, o patriarca disse que Issacar era um jumento de ossos fortes, porém ficaria debaixo da escravidão dos Cananeus, a fim de não perder vantagens (Gn. 49.14). Na fase mosaica, esta tribo começou a ganhar um certo destaque. Uma grande oportunidade é concedida às tribos de Zebulom e Issacar. Note que são tribos pequenas, mas o líder Moisés vira grande valor em ambas (Dt. 33. 18, 19). A tribo de Issacar, nesta fase, crescera em honra e em número. Chegou a ser a terceira tribo em número de combatentes (1Cr. 7.2-5). Na fase de Davi temos o reconhecimento completo. No início do reinado de Davi, esta tribo era responsável por liderar e conduzir Israel (1Cr. 12.32). Eles vieram somente com 200 homens, ao passo que as outras tribos somaram seus milhares. Estes foram chamados de conhecedores da época e foram responsáveis pela direção e orientação do povo. Conhecer a nossa época é fundamental para que haja discernimento do que acontece ao nosso redor, tendo uma resposta embasada no molde bíblico.
Estamos precisando de líderes e professores que conheçam a sua época, ou seja, não ignorando os desafios e adaptações que precisam ser feitas, mas que possam buscar direção de Deus para que seus liderados entendam e andem na vontade de Deus. Para isto precisamos ser transformados, primeiro pela Palavra de Deus (Rm.12.2) para que possamos ser inconformados, no aspecto positivo, e agentes causadores de mudanças. Essas mudanças não tangem a parte bíblica e doutrinária da igreja, as quais são inegociáveis, mas nos levam a refletir, como evidenciado na tribo de Issacar – de jumento forte, porém acomodado a um conhecedor da época. Na tradução da Bíblia do Peregrino temos – “inteligentes e capacitados para avaliar os rumos de Israel”. Precisamos de mestres e doutores? Sim! Mas que estes possam ser cheios do Espírito Santo para responderem às grandes questões que estão na alma humana e que somente um homem de Deus o pode fazer (1Co. 2.11-13).
A Escola Dominical ainda se preserva viva e atuante porque traz em sua formação um profundo interesse em conhecer as pessoas, cuidar delas e lhe mostrar o que Deus tem para a alma do ser humano. Podemos dizer que as épocas mudaram, as pessoas mudaram, a própria EBD precisou mudar, haja vista o material rico e diferenciado para todas as idades, assim como seus professores, mas temos uma centralidade imutável – Jesus Cristo. Por isso, incentivo a cada líder e professor que mude e readapte-se para que essa geração seja alcançada e movida pelo poder de Deus, mas que não esqueçamos os princípios da base cristã (Hb.12.27).
No livro Quem mexeu no meu queijo, uma grande fonte para refletir sobre mudança, os personagens são provocados a mudarem constantemente e buscarem por novos depósitos de queijo (o queijo pode ser qualquer coisa que almejamos). O livro trata de como nos acomodamos perante situações de conforto e nos alerta para mudanças rápidas e imprevisíveis. Uma das frases contida no livro e que pode encerrar esta reflexão é: “cheire o queijo com frequência para saber quando está ficando velho”. Podemos ser poucos como Issacar, mas podemos fazer grande diferença tendo o direcionamento de Deus ao ensinar, pregar e falar do amor de Cristo para esta geração.
Natanael Lima
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